Morar em Floripa: O Que Ninguém Te Conta (Mas Você Precisa Saber)

Você viu uma foto da Praia da Joaquina no Instagram, ficou hipnotizado por uma casinha charmosa no Airbnb no Canto da Lagoa, e pensou: “É isso. Vou largar tudo e morar em Florianópolis”.

Calma. Pode ser um ótimo plano, sim. Mas antes de fazer as malas e vender o sofá da sala, tem algumas coisinhas que você precisa saber. Porque morar em Floripa não é como passar férias em Floripa. E, spoiler: nem sempre o mar tá pra peixe (ou pra Wi-Fi).

Este artigo é pra você que tá pensando em mudar de cidade, buscando mais qualidade de vida, natureza e talvez uma nova versão de si mesmo. Mas também é um convite à realidade — com muito carinho, mas com a sinceridade que só quem vive aqui entende.

A qualidade de vida existe, mas ela anda (bem) devagar

Vamos começar com o lado bom: sim, a qualidade de vida em Florianópolis é real. Você tem trilhas que saem do quintal, praias praticamente desertas no meio da semana, pôr do sol cinematográfico e comida boa por toda parte. Em muitos bairros, ainda dá pra andar a pé, encontrar o vizinho na padaria e viver num ritmo mais leve.

Mas essa leveza tem um lado B: o tempo passa diferente aqui. Os serviços demoram mais, o trânsito não tem muita pressa, e agilidade nas burocracias públicas é uma utopia. Se você vem de São Paulo ou BH, por exemplo, pode se preparar para reaprender o conceito de “urgente”.

Custo de vida: barato não é (e nunca foi)

Muita gente ainda chega aqui achando que vai economizar. Mas a verdade é que morar em Florianópolis está longe de ser barato — principalmente se você quiser viver em bairros centrais ou próximos do mar.

Aluguel é um dos maiores custos, com valores inflacionados pelo turismo. Bairros como Lagoa da Conceição, Campeche, Córrego Grande e Trindade estão entre os mais disputados (e caros). Comprar imóvel? Prepare o bolso e uma dose de paciência com documentação.

Mercado, gasolina e contas básicas também acompanham o padrão das grandes cidades. O que ajuda a equilibrar é que, com jeitinho, dá pra viver com menos consumo e mais natureza.

A cidade é linda, mas não é prática

Floripa tem uma geografia peculiar: é uma ilha conectada ao continente por duas pontes, com bairros que parecem cidades isoladas. Isso é lindo no mapa, mas na vida real pode significar engarrafamentos gigantescos mesmo fora da alta temporada.

O transporte público não cobre bem todas as regiões. Se você depender de ônibus, é bom estudar as linhas antes de escolher onde morar. Em alguns bairros, como o Ribeirão da Ilha ou o Campeche, ter carro (moto ou bike elétrica, se você for aventureiro) faz toda a diferença.

E não subestime o tempo que você vai levar pra ir de um canto ao outro. Dez quilômetros aqui podem significar 1h no trânsito — ou 40 minutos de contemplação forçada na SC-401.

Clima: é verão até que… não é mais

Floripa é conhecida pelo verão longo e ensolarado. Mas o inverno aqui também tem seus humores: dias cinzentos, vento sul, garoa que dura uma semana e temperaturas que despencam de repente.

Gaúchos: o vento sul não é igual o minuano. É um vento “que empurra”, mas não rengueia. 😁

O problema não é o frio em si, mas a umidade.

A umidade média do ar em Florianópolis gira em torno dos 90% durante boa parte do ano, o que pode ser um desafio para quem vem de regiões secas. Roupas demoram a secar, mofo aparece com frequência e até os ossos parecem mais sensíveis. É um clima úmido, denso — que exige adaptações (e alguns desumidificadores).

Mas com um bom edredom, uma cafeteira e uma playlist de MPB suave, tudo se resolve.


Gostou do conteúdo? Você também pode curtir Como me apaixonei por Floripa (e nunca mais fui embora) — Uma crônica real sobre recomeço, comunidade e o estilo de vida que só a ilha oferece.


O estilo de vida é real. Mas você vai ter que se adaptar.

Morar em Florianópolis exige adaptação cultural. Isso vale pra quem vem de fora do estado, mas também pra quem vem do continente. O ritmo é outro, o sotaque é outro, o humor é outro — e isso é lindo. Mas é diferente.

Não espere encontrar tudo aberto até tarde. Muitos lugares fecham cedo, inclusive restaurantes e padarias. O domingo é da família. O almoço de sexta é com feijoada. E o “agora não dá, tá ventando” é uma justificativa perfeitamente aceitável.

Se você embarcar nessa vibe com o coração aberto, a cidade te abraça. Mas se você quiser que ela funcione como a sua antiga cidade… prepare-se pra se frustrar.

Os prós (que ninguém te tira)

  • Acesso fácil à natureza em qualquer direção

  • Bairro com cara de vila mesmo dentro da cidade

  • Comida boa, variada e com muito produto local

  • Comunidades alternativas, criativas e acolhedoras

  • Ritmo mais humano e espaço pra construir novas rotinas

  • Segurança maior do que a média das capitais brasileiras

Os contras (que ninguém te mostra no Instagram)

  • Trânsito complicado em horários de pico

  • Aluguéis caros nas regiões mais desejadas

  • Falta de mão de obra qualificada em diversas áreas

  • Casas sem estrutura térmica para o inverno

  • Burocracias e serviços públicos que testam a paciência

  • A ilha é linda, mas… limitada (em espaço, mobilidade, serviços)

E então: vale a pena?

Se você está disposto a rever prioridades, viver com menos pressa e mais conexão com a natureza, sim, morar em Florianópolis vale muito a pena. Mas é preciso chegar com os olhos abertos — e o coração leve.

Floripa não é uma cidade perfeita. Mas é uma cidade que convida à transformação. E, às vezes, é isso que a gente precisa pra recomeçar.

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