Como me apaixonei por Floripa (e nunca mais fui embora)

Era julho de 2015. O país pegava fogo nas ruas. Eu pegava fogo por dentro.

Tinha acabado de me divorciar, me recuperava de uma cirurgia, e fazia bicos pra segurar as pontas. Morava numa cidade pequena, cercado de gente com mentalidade negativa, vivendo entre a dor física, o esgotamento mental e uma rotina sedentária. Sem casa, sem rumo, sem ideia do que vinha pela frente.

Foi aí que joguei tudo no carro e dirigi até Florianópolis. Sem plano de vida, só um plano de fuga […] 😏

A travessia

Cheguei sem saber o que estava procurando. O plano era simples, quase ingênuo: arrumar um trampo, fazer uma grana, seguir em frente. Mas a verdade é que eu estava vivendo o pior momento da minha vida. No banco de trás, algumas roupas. No banco do passageiro, um silêncio ensurdecedor. E eu ali, no volante, tentando descobrir se o que eu queria construir era uma vida… ou só castelos na areia.

A primeira noite foi longa. Como muitas outras depois. Passei horas deitado, olhando pro teto, perguntando se aquilo era o começo de algo — ou só mais uma tentativa frustrada de recomeçar.

O chamado da ilha

No dia seguinte, fui deixar meu currículo em uma empresa da cidade. Na parede, dezenas de papéis com vagas coladas do chão ao teto. Ali, percebi que não estava mais na bolha. Onde eu morava, o país estava em crise. Aqui, o que faltava era gente disposta a trabalhar.

A cidade era limpa. As pessoas pareciam ter outro ritmo. E a paisagem… bom, não dava nem pra comparar. Era como se tudo ao meu redor sussurrasse: “aqui você pode começar de novo”.

O encontro com a ilha

Quem pisa pela primeira vez nesse pedaço de terra separado do continente sente: há algo diferente no ar. A tensão das grandes cidades não chega até aqui. Em Floripa, a pressa perde força. O corpo desacelera. A mente agradece.

Nos bairros do sul da ilha, parece que você voltou no tempo — mas com Wi-Fi. Uma mistura de capital com aldeia, de metrópole com roça. Um lugar onde o barulho do mar compete com o som dos pássaros. E ganha.

E então comecei a notar: as pessoas aqui se movimentam diferente. Falam diferente. Pensam diferente. Era como se a ilha selecionasse com carinho quem escolhe ficar.


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A travessia interna

Não foi fácil. Ainda levava comigo dores antigas e fantasmas recentes. Mas comecei a respirar diferente. A caminhar mais. A me alimentar melhor. Troquei o cigarro pelo ar puro. O sofá pelo por do sol. O “não vai dar certo” pelo “vamos ver no que dá”.

Aos poucos, fui percebendo o que tornava esse lugar tão especial. A mentalidade empreendedora. O pensamento positivo. O senso de comunidade. A ideia de que você pode pensar diferente sem ser julgado. E que uma cidade pode, sim, ser terapêutica.

A volta que não voltei

Quando contei aos amigos que ia permanecer pra Floripa, ouvi de quase todos:
“Cuidado! Floripa é uma cidade fácil de se perder.”

E não é que eles estavam certos?
Eu nunca mais achei o caminho de volta. 😁

Hoje, vivo na ilha não como um turista, mas como alguém que foi acolhido. Que encontrou uma nova versão de si mesmo entre o vento sul e as servidões do bairro, entre o cheiro de maresia e a gentileza inesperada do senhorzinho do bar.

Se você também está pensando em vir…

Vem com o coração aberto. Vem sabendo que não vai ser fácil todos os dias, mas que muitos deles vão te transformar. Vem sabendo que a ilha testa — mas também recompensa. Que ela não é feita pra qualquer um, mas que pode ser tudo pra quem entende o que ela oferece.

Não espere um paraíso. Espere um lugar vivo, em movimento. Que muda o tempo todo, mas sempre preserva sua essência: um estilo de vida mais leve, mais natural, mais possível.

E se um dia você também se “perder” por aqui, bem-vindo ao clube. A gente até tem um grupo de WhatsApp (mentira, mas poderia ter).

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