Floripa é aquele tipo de lugar que aparece perfeita no Instagram: trilhas paradisíacas, praias com pouca gente, restaurantes com vista pro mar. Mas o que ninguém te mostra nos stories é o desafio real de chegar até esses lugares sem um carro.
A cidade tem geografia peculiar: é uma ilha com morros, pontes, bairros distantes e poucas vias principais. Se locomover aqui exige estratégia — principalmente se você depende de transporte público, anda de bike ou quer fazer tudo na perna (o famoso modo mochileiro raiz).
Spoiler: é possível sim se virar sem carro em Floripa. Mas você vai precisar de tempo, paciência e um pouco de jogo de cintura manezinho.
Transporte público em Florianópolis: funciona?
Vamos direto ao ponto: o transporte público em Florianópolis funciona, mas tem limitações. A cidade é atendida principalmente por ônibus (integrados no sistema da Consórcio Fênix), com terminais nos principais bairros e linhas que se conectam entre si.
O problema? Muitos deslocamentos exigem baldeações nos terminais centrais, como o TICEN (Terminal de Integração do Centro), mesmo que seu destino seja tecnicamente “próximo”. Ir da Lagoa até o Campeche, por exemplo, pode envolver um bate-volta desnecessário ao centro.
Em dias úteis, os ônibus rodam com mais frequência. Finais de semana e feriados? Prepare-se para intervalos maiores e menos opções.
Vale a pena usar ônibus em Floripa?
Depende de quem você é e de onde quer ir. Para quem vai circular entre o Centro, Trindade, UFSC, Lagoa da Conceição e Terminal Rita Maria, o ônibus pode ser uma boa pedida, especialmente durante o dia. A tarifa gira em torno de R$ 5 e o sistema de integração permite fazer baldeações sem pagar novamente (desde que você entre e saia pelos terminais).
Mas se você pretende explorar praias mais afastadas como Lagoinha do Leste, Pântano do Sul ou Barra da Lagoa, talvez enfrente alguns perrengues: poucos horários, deslocamento demorado e ônibus cheios em dias de sol.
Alternativas: Uber, bike e aplicativos locais
Se o ônibus não der conta, o Uber e 99 são opções viáveis — especialmente se você estiver em grupo. Em média, um trecho de 10 km sai por R$ 25 a R$ 40 dependendo do horário. Na alta temporada, os preços podem oscilar bastante, e a espera pode ser longa.
Floripa também é uma cidade cada vez mais amigável pra ciclistas. Alguns bairros como Campeche, Itacorubi e Centro possuem ciclofaixas e trechos planos. Se estiver com tempo e disposição, vale considerar a bike pra distâncias médias — só evite se aventurar em subidas como a do Morro da Lagoa logo no primeiro dia. Não vale esse sofrimento espiritual.
E mais uma dica útil: o app Floripanoponto (Android e iOS) permite acompanhar horários e localização dos ônibus em tempo real. Não é infalível, mas ajuda bastante.
O tempo virou e a praia ficou pra depois? Dá uma olhada no nosso artigo Floripa Com Chuva: O Que Fazer na Ilha Além das Praias
Locais que dá pra explorar sem carro (com certa tranquilidade)
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Centro de Floripa: ideal pra caminhar. Dá pra visitar o Mercado Público, a Catedral, praças, cafés e museus a pé.
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Trindade: bairro universitário, bem servido por ônibus, com muitos bares e restaurantes.
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Lagoa da Conceição: centrinho movimentado, fácil de explorar andando. Alugue uma bike e descubra as margens da Lagoa, o mirante e as lojinhas locais.
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Coqueiros e Itaguaçu: pertinho do Centro, ótimos pra caminhar no calçadão e comer bem com vista.
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Campeche: se estiver hospedado por lá, a praia é acessível a pé. Mas circular entre regiões do sul pode exigir carro ou paciência com ônibus.
Locais que (quase) pedem carro
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Praia Mole e Joaquina: dá pra ir de ônibus, mas com poucos horários e rotas indiretas.
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Barra da Lagoa, Rio Vermelho e Moçambique: dependendo de onde você estiver, vai precisar de baldeações ou longas caminhadas.
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Ribeirão da Ilha e Pântano do Sul: transporte público é limitado. Uber ou carro alugado tornam a experiência muito mais prática.
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Lagoinha do Leste: trilha maravilhosa, mas o início não é tão simples de acessar sem veículo.
Floripa para nômades digitais e mochileiros
Se você é nômade digital ou está de mochilão, a dica é escolher bem onde vai se hospedar. Ficar em locais centrais como Lagoa, Centro ou Trindade te dá acesso mais fácil a supermercados, cafés com Wi-Fi, coworkings e deslocamento mais fluido.
Evite bairros isolados (como Ingleses fora da temporada ou campeche profundo sem estrutura) se pretende depender de ônibus ou caminhada. Lembre-se: o Google Maps nem sempre entende o tempo real da ilha — consulte moradores ou recepcionistas locais pra saber se aquele ponto é de boa mobilidade.
Dá pra viver sem carro? Sim. Dá pra se estressar? Também.
No fim das contas, a resposta pra “dá pra se virar sem carro em Floripa?” é: sim, mas prepare-se pra ajustar as expectativas. Se você quer uma experiência mais tranquila, andar a pé, curtir o ritmo da ilha e escolher bem sua base, vai dar certo. Mas se quer rodar 30 km por dia, conhecer 10 praias em 3 dias e depender só de ônibus… talvez seja melhor rever o plano (ou alugar um carro por pelo menos um trecho).
Floripa continua sendo uma cidade linda e viva, mas ela exige ritmo próprio. E o segredo é respeitar isso — ou ficar preso num terminal vendo a vida passar.