Quando alguém fala em Florianópolis, é quase automático pensar em praias paradisíacas, Lagoa da Conceição ou o agito do Centro. Mas a vida real na ilha vai muito além disso. Em cada canto, existe um microcosmo com rotina própria, sotaques distintos e jeitos bem diferentes de encarar o tempo.
A ideia deste texto é justamente essa: explorar os bairros alternativos de Florianópolis — lugares que viraram refúgios urbanos fora do radar turístico, cada um com seu ritmo, seu comércio local, suas ruas tranquilas (ou nem tanto) e um senso de comunidade que faz você esquecer que está numa capital.
Se você está cansado dos mesmos roteiros e quer viver a ilha como quem é da ilha, vem com a gente.
Campeche: o epicentro dos novos moradores
O Campeche virou queridinho dos forasteiros — especialmente de nômades digitais e famílias com estilo de vida mais alternativo. Aqui, o clima é de vila moderna: mercado de orgânicos, escolas Waldorf, estúdios de yoga e surfistas que param pra tomar um suco de açaí depois da onda matinal.
Ao mesmo tempo, ainda há ruas de terra, senhores que pescam com tarrafa e a famosa mistura de gente do mundo todo com os nativos. A praia é linda e extensa, e o pôr do sol no Riozinho é quase um ritual.
Rio Tavares: o coração do estilo surf tech
Colado ao Campeche, o Rio Tavares cresceu rápido — muito por causa da galera do surf e do design. É um bairro com cara de start-up e alma de vila de pescador. Há coworkings descolados, cervejarias artesanais e escolas de surf disputadas. Ainda assim, se você se perder por uma viela, pode acabar encontrando um senhor vendendo peixe fresco direto do barco.
É o bairro da contradição harmônica: onde a prancha divide espaço com o notebook e o jantar pode ser tanto num food truck quanto no quintal de casa com fogueira.

Armação e Matadeiro: vida com pé na areia
A Armação é uma comunidade tradicional, com forte presença da pesca artesanal. O bairro ainda conserva casas baixas, crianças jogando bola na rua e o som das gaivotas misturado ao das panelas na cozinha.
Ao lado, Matadeiro é acessado apenas por uma trilha curta — sem carros, sem asfalto, sem pressa. Ali, quem vive quer silêncio, mar e contato com a natureza. Os poucos moradores fixos geralmente estão em busca de simplicidade e isolamento poético.
Lagoa da Conceição: natureza e cultura no mesmo pacote
A Lagoa não é só cartão-postal: é bairro-vilarejo com alma jovem. Tem vida noturna agitada, muito esporte ao ar livre, feiras, manifestações culturais e uma comunidade que mistura artistas, estrangeiros e famílias alternativas. Ótima pra quem quer viver perto da natureza (e do burburinho criativo), com acesso rápido a trilhas, praias e restaurantes.
Canto da Lagoa: beira d’água, mata e paz
Escondido entre a Lagoa e o morro, o Canto é quase um segredo. Casas com quintal, árvores centenárias, e um silêncio que só é interrompido por pássaros (e talvez uma serra elétrica no sábado de manhã, pra lembrar que você tá vivo). Ideal pra quem quer paz sem abrir mão da beleza.
Santo Antônio de Lisboa: o charme açoriano que ainda vive
Se nostalgia tivesse CEP, seria aqui. Santo Antônio de Lisboa é pura poesia colonial: casarios coloridos, ruas de pedra, pôr do sol de filme e o cheiro de peixe frito no ar. A comunidade açoriana segue forte e ativa, com festas típicas e uma vibe de vila do século XIX.
É o tipo de bairro onde se conhece o padeiro pelo nome, e cada esquina rende uma história. Ótimo para quem quer morar com calma e classe (e um toque de romantismo).
Considere ler também:
▶ Já sonhou em morar em Floripa? Então é melhor saber antes que o crush pela ilha vire decepção amorosa. Tem umas verdades que ninguém te conta… mas eu conto. 🔗 Ler agora
▶ Primeira vez em Floripa? Evite perrengue turístico e acerte no bairro com esse guia feito pra quem ainda confunde Lagoa com Campeche. 🔗 Conferir o guia
▶ Floripa é segura ou é só marketing com filtro bonito? Descubra o que é real e o que é só papo de WhatsApp. 🔗 Descobrir a verdade
Coqueiros: o bairro prático com vista
Do ladinho do continente, Coqueiros é o equilíbrio entre cidade e mar. Com muitos prédios residenciais, comércio variado, escolas e acesso rápido ao Centro, é um bairro prático — sem abrir mão da beleza.
A orla é perfeita pra caminhar, fazer piquenique ou tomar um chope no fim do dia. Quem quer vida urbana, mas sem abrir mão da vista e da brisa, vai se sentir em casa.
Ingleses do Rio Vermelho: agito o ano todo
Localizado no norte da ilha, Ingleses é praticamente uma cidade dentro da cidade. Movimentado o ano inteiro, com infraestrutura completa e uma comunidade forte de moradores fixos, é ideal pra quem curte movimento, comércio ativo e não se importa com o turismo intenso.
Tem escolas, supermercados, clínicas e vida noturna — tudo a poucos passos da areia. Perfeito pra quem quer tudo à mão, sem abrir mão da praia.
Ratones: a ilha rural
Sim, Floripa também é roça. Ratones é um bairro rural no norte da ilha, com sítios, áreas de mata preservada e um estilo de vida voltado ao campo. Muitos moradores vivem da terra, criam animais e seguem um ritmo próprio, longe do frenesi da cidade. É uma Floripa que quase ninguém vê — mas que existe, forte e silenciosa.
Pântano do Sul: onde o tempo parou (de um jeito bom)
Lá no sul da ilha, o Pântano é praticamente uma cápsula do tempo. Comunidades tradicionais, pescadores que saem com o barco às 5h da manhã, histórias contadas na beira do cais e um modo de vida que lembra os anos 60. Quem mora ali, geralmente quer paz, comida boa e vista pro mar sem pressa de nada.

Ribeirão da Ilha: o tempo parou (e isso é ótimo)
Se tem um bairro que anda no compasso do vento e do vai e vem das marés, é o Ribeirão da Ilha. Um dos primeiros povoados da ilha, o lugar parece ter feito um pacto com o passado — mas sem abrir mão do charme. A arquitetura açoriana é a moldura perfeita pra um pôr do sol que dispensa filtro, e as ruas estreitas te obrigam a desacelerar, respirar e observar.
Mas não é só cenário de novela de época: o Ribeirão é também capital nacional da ostra. Sim, senhor. Aqui você come o molusco mais fresco do Brasil, direto dos viveiros, servido em bares e restaurantes com vista pro canal sul. E se a gastronomia é um espetáculo, a comunidade é o coração: moradores que preservam tradições, desde as festas religiosas até a fala cantada que entrega o DNA luso.
Perfeito pra nômades digitais que precisam de silêncio com inspiração, pra aposentados que valorizam a calma e pra quem simplesmente cansou de lugares que correm demais.
Viver a ilha como ela é
Floripa é um mosaico. Não existe uma só ilha, mas várias convivendo ao mesmo tempo. Há quem viva na pressa do centro, há quem fuja dela. Tem quem surfe de manhã e programe à tarde. Tem quem plante, quem medite, quem empreenda e quem simplesmente respire.
Descobrir esses muitos “centros” da ilha é também descobrir qual versão de você combina mais com cada bairro.
Porque viver em Floripa é isso: se deixar transformar — de preferência, com vista pro mar, é claro. ☺️
***